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PC encerra inquérito da operação Nações Unidas




TEÓFILO OTONI - A Polícia Civil encerrou nesta semana o inquérito policial de nº 941/2009, com mais de 250 páginas, que tinha como objetivo apurar o desaparecimento do jovem Willian Ramos Lemos, 18 anos, localizado enterrado em uma cova rasa num matagal situado nas proximidades da fazenda Bela Vista, no bairro Felicidade.
O inquérito policial serviu como base para a realização da operação ‘Nações Unidas’, ocorrida no último dia do ano de 2009, em que a Polícia Civil conduziu 16 pessoas suspeitas de envolvimento em diversas modalidades de crime. 
O delegado de Repressão a Tóxicos e Entorpecentes e Delegacia de Homicídios, Jéferson Botelho, apresentou à equipe do DIÁRIO, o relatório final do inquérito. Ele disse que 13 pessoas foram indiciadas por envolvimento no crime e que alguns participantes se encontram foragidos. “Nós conseguimos vincular a participação de 13 pessoas no inquérito. No caso de dois menores investigados, tivemos a presença na delegacia de conselheiras tutelares e da promotora da Infância e Juventude, Flávia de Araújo Resende. O intuito foi oferecer maior transparência ao trabalho da polícia”, completa.
Botelho destacou que o inquérito possui riqueza de provas materiais. “A PC encerra esse trabalho e coloca nas mãos do Ministério Público um procedimento rico em provas. A equipe da PC trabalhou com muita força e fôlego. Quero utilizar da audiência do jornal DIÁRIO para parabenizar a todos os policiais que trabalharam nessa operação. Eles deram uma resposta positiva e efetiva para a sociedade local. A participação também do chefe do 15º Departamento de Polícia Civil, Isaías Pontes de Melo foi decisiva a todo instante, orientando nosso trabalho. Enfim, é um trabalho de qualidade de intervenção qualificada que a Polícia Civil realiza na cidade”, ressalta o delegado.



Indiciados

No inquérito foram indiciados o traficante Alan Lima Cardoso (‘Alan Cara Fina’), 20 anos, considerado pela polícia o mentor da morte de Willian Ramos Lemos. Carlos Henrique Fernandes Gomes (‘Neném’), com vários crimes registrados na cidade e região. Jânio Milton Pinheiro de Souza, 22 anos, que ao ser preso portava uma arma de fogo. Marcelo de Oliveira (23) que também no momento da prisão, estava com uma arma de fogo. Igor Batista Melo (‘Linha’), de 18 anos, que responde como suspeito de vários homicídios, inclusive alguns já apurados. E ainda, Douglas Francisco de Oliveira (‘Gão’), Maurício Oliveira de Souza (‘Moura’) e Eder Junior Alves Pereira, (‘Juninho Grandão’).
Eles foram indiciados no art. 121, parágrafo 2º, inciso IV do Código Penal por homicídio qualificado (em razão da vítima não ter como ter tido condições  de oferecer resistência e ainda foi apanhada de surpresa). Se condenados a pena é de 12 a 15 anos  de prisão.
Os envolvidos foram indiciados no artigo 211 do Código Penal, que prevê o crime de ocultação de cadáver. “A prisão temporária tem a previsão de 30 dias. A operação foi em 31 de dezembro, logo venceria no dia 31 de janeiro próximo. Nesse caso, considerando a necessidade de se preservar a ordem pública, a autoridade policial com base no artigo 311 e seguintes do Código Processual Penal, representou pela conversão da prisão temporária em prisão preventiva.  Caso seja convertida em prisão preventiva, ela não tem prazo estipulado  para a vigência. Então, normalmente, obedece ao prazo da  inscrição criminal”, destaca o delegado.


Apuração do caso

De acordo com a PC, as investigações sobre o caso foram iniciadas em 16 de novembro de 2009 (numa segunda-feira), quando a mãe de Willian Ramos Lemos compareceu à delegacia e registrou um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento do filho. O registro do documento aconteceu uma semana depois do sumiço do rapaz, que foi visto pela última vez no dia 08 de novembro de 2009 (domingo), por volta das 20h15.
A PC informou ainda que a mãe procurou o Ministério Público para noticiar o desaparecimento e pedir providências, o que motivou instantaneamente a instauração do inquérito policial. Nas primeiras apurações, uma equipe de agentes conseguiu informações que davam conta dos assassinos de Willian, integrantes da gangue do traficante ‘Alan Cara Fina’, e que o mesmo teria praticado uma sessão de tortura de quase uma hora em Willian. A suspeita era que a vítima, após ter sido assassinado com um tiro na cabeça e passado pela sessão de tortura, poderi estar sepultado num cemitério clandestino na região do ‘barreiro’, fundos do bairro Vila Felicidade.
Através de uma investigação criteriosa, a equipe policial conseguiu localizar dois menores que supostamente teriam participado e presenciado a morte de Willian. Os dois foram internados no regime de 45 dias no Centro de Internação São Cosme de Teófilo Otoni (Cecesco).
O delegado Jéferson Botelho informou a reportagem que a partir da internação dos adolescentes, a PC conseguiu encontrar o  corpo de Willian sepultado numa mata fechada na região do ‘barreiro’. “Esse corpo foi desenterrado, a família reconheceu. O cadáver foi liberado para o sepultamento. Logo depois, conseguimos localizar um terceiro menor que também tem participação na morte e ocultação de cadáver do Willian. Esse adolescente de 16 anos, quando foi localizado na residência portava cocaína. Ele acabou sendo autuado em flagrante e foi conduzido à Vara da Infância e Juventude. Ele também está internado no Cecesco. Esse menor foi a pessoa que atraiu a vitima para ser morto na rua Suécia , nº 500, no bairro Felicidade. São cinco menores que participaram do crime, porém dois deles estão foragidos”, destaca Jéferson.

Reconstituição

Durante as investigações, a Polícia Civil realizou a reconstituição do homicídio e ocultação de cadáver de Willian Ramos Lemos. Os trabalhos foram feitos com a participação do traficante Alan Lima Carvalho, o ‘Cara Fina’.
A simulação mostra todos os passos feitos pela quadrilha para eliminar Willian.  Segundo o delegado Jéferson Botelho, as informações repassadas por Alan durante a reconstituição, de que dois comparsas fizeram todo o serviço, não condiz com os dados relatados pelos menores num depoimento realizado com a presença da promotora da Infância e Juventude, Flávia de Araújo Resende. “A reconstituição foi justamente para verificar que três pessoas sozinhas não tinham condições de sair com um corpo enrolado em um cobertor, ferramentas utilizadas para cavar a cova, e percorrer 230 metros da rua Suécia, e depois ter acesso ao matagal onde aconteceu o sepultamento. É uma informação que a reconstituição teve como dirimir essa dúvida. E afirmar que Alan estava mentindo e omitindo outros nomes de pessoas que participaram efetivamente desse crime”, acrescenta.
Botelho afirma que a reconstituição pode analisar como o crime foi praticado e suas circunstâncias. “É uma prova interessante, em que podemos verificar a possibilidade do crime ter sido praticado deste ou daquele jeito. Inclusive, analisar questões de distância, possibilidades de uma só pessoa estar carregando o corpo, ou não”, finaliza. 

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